Em todos os portais e fontes confiáveis sobre o futuro da economia pós pandemia do coronavírus, há um consenso: teremos um novo consumo e a forma de fazermos negócios irá mudar.
De acordo com trecho retirado de um artigo publicado no portal El Pais, “a epidemia traz uma mentalidade de tempos de guerra, mas uma mentalidade que une todo o planeta do mesmo lado. Os anos de guerra são períodos de uma grande coesão interior dos países e da preocupação pelos outros”, diz Robert J. Shiller, prêmio Nobel de Economia em 2013. E acrescenta. “Um efeito a longo prazo dessa experiência pode ser instituições econômicas e políticas mais redistributivas: dos ricos aos pobres, e com maior preocupação pelos marginalizados sociais e idosos”.
Essa fala é muito importante – e forte – quando falamos em um futuro pós pandemia. Pessoas do mundo todo estão se movimentando para criar redes de apoio entre a comunidade, desenvolvendo e/ou fortalecendo iniciativas e ações que possam empoderar o entorno e favorecer aqueles que não podem se isolar totalmente para se prevenir do coronavírus. Isso já é sinal do novo consumo da sociedade.
Sobre isso, podemos citar a importância do “propósito” em ação das diversas marcas que operam hoje em dia em nosso país. Após a crise, esse movimento de marcas e empresas terem um maior compromisso social e com o coletivo se tornará ainda mais necessário e relevante, principalmente se a ação for estratégica, estruturada e genuína para garantir espaço no novo consumo das pessoas.
Empreendedorismo adaptável
Agora, e quanto a economia?
Segundo o mais recente Boletim de Impactos e tendências da COVID-19 do SEBRAE, que apresenta semanalmente os impactos nos pequenos negócios de 14 segmentos econômicos, “com coleta feita entre os dias 3 e 7 de abril, os empresários declararam queda de faturamento semanal de 69% com relação a uma semana normal, com 88% deles declarando terem tido queda no faturamento”.
Para que isso possa ser “controlado” da melhor forma possível, o SEBRAE disponibiliza neste boletim algumas dicas de boas práticas para cada setor. Confira algumas delas:
Comércio varejista
Adaptar o negócio para entrega direta ou utilizando serviço de delivery é uma alternativa interessante para o varejo.
Mesmo que o empresário tenha que fechar sua loja física, deve manter contato com os clientes pelos canais digitais e oferecer serviços e manter a comunicação para ser lembrado. Um caminho alternativo são os vouchers, tendência nesse momento de novo consumo.
Neste modelo, o comércio realiza uma venda antecipada e disponibiliza um crédito para aquisição de produtos. Outro caminho é a venda de kits por assinatura, possibilitando a recorrência de vendas.
É importante que o pequeno varejista avalie seu mix de produtos e concentre esforços nos itens que lhe proporcionam maior vantagem competitiva (custo, exclusividade, conveniência, etc).
Apesar do distanciamento, o consumidor tem mantido os hábitos de consumos ligados às datas comemorativas. Novo consumo que ainda carrega traços do modelo antigo.
Oficinas e peças automotivas
Paulatinamente algumas cidades estão repensando o retorno das atividades econômicas locais e as oficinas e lojas de peças automotivas não estão fora desse cenário.
Com esse retorno, mesmo que lento, teremos um aumento dos carros e motos que circulam pelas ruas e muitos desses irão precisar de manutenção, reparos, revisão, etc.
Nesse sentido, é importante a adequação dos processos da empresa, visando um atendimento qualificado, protegendo a saúde dos funcionários e de seus clientes.
Hora de repensar local para recebimento de peças e veículos, procedimentos de higienização na recepção e devolução dos carros e motos, sinalização em espaços de fluxo de pessoas, por exemplo o caixa, recepção e, é claro, treinamento e orientação dos funcionários sobre a importância da adoção dessa nova forma de trabalhar.
Beleza e bem-estar
O empresário pode intensificar o uso dos canais digitais: TikTok, Instagram, WhatsApp, Facebook e outras plataformas e aplicativos de venda.
Manter o contato com os clientes aquecido enviando: dicas de beleza; ofertas de produtos; curadoria de influencers interessantes para seguir.
Promover a venda delivery de cosméticos home care, elaborando kits de produtos que atendam às necessidades das clientes.
Empreendedorismo consciente no novo consumo
É preciso ter flexibilidade e planejamento para se preparar para os próximos meses. Negociação de prazos e preços com fornecedores, mudança de modelo de negócio para prestação de serviços a distância, a busca por crédito e qualificação podem ser caminhos para aguentar a tempestade e se preparar para a retomada da normalidade.
Para muitos empresários ou empreendedores, essa é sua primeira e mais séria crise sendo enfrentada nessa condição. Ainda que o digital possa reduzir distâncias, ele não elimina o isolamento de quem está no comando, especialmente quando a crise tem as dimensões e impactos que a atual traz consigo.
Por isso, é importante reconsiderar como está seu negócio e como ele pode se manter pós pandemia. O que você, como empresário, pode entender na forma como seu consumidor mudou o hábito diante de um cenário desta proporção?
Como seu fluxo de caixa pode ser melhor organizado para lidar com os próximos meses? Há capital de giro suficiente para lidar com imprevistos? Essa e outras perguntas – que ainda surgirão – devem estar na sua mente. Para sobreviver, seu negócio deve ser adaptável, inovador e consciente.
Estude, entenda o que está acontecendo no mundo e mais importante: se organize.