De um lado temos isolamento social necessário e muitos pequenos e médios empresários tentando se reinventar diante do cenário de pandemia. Com acesso a internet, água e sabão e muito álcool em gel nas mãos, o desafio é descobrir como fazer seu negócio chegar aos seus clientes respeitando as regras do isolamento social para se proteger do novo coronavírus e movimentando a economia local.
Mas e do outro lado? Como ficam aqueles trabalhadores que não tem acesso aos itens mais básicos em uma realidade dita como “normal”, sem o isolamento social?
Segundo a prefeitura paulistana, existem 1,7 mil favelas na capital com 391,7 mil domicílios. Além disso, nem sempre essas favelas garantem abastecimento de água para todos os moradores.
Sem poder se cuidar corretamente, mas também com risco de serem demitidos, a população menos favorecida sofre com o isolamento social. Nesse momento que os líderes comunitários entram; eles oferecem o suporte e providenciam ações para ajudar essa fatia da sociedade.
Em grande parte dos lares de comunidades, o abastecimento de água é intermitente. Além disso, adquirir álcool em gel e ficar em casa, onde muitas vezes quer dizer se isolar em poucos cômodos com muitas pessoas, são outros fatores que contribuem para que a realidade seja muito diferente diante do isolamento social para a maior parte das pessoas.
Nas duas maiores favelas da cidade de São Paulo, os moradores estão se organizando para conter os efeitos da pandemia do novo coronavírus e seu efeito de isolamento social.
A União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis (UNAS), tem usado carros de som e o convencimento boca a boca para reforçar as instruções que evitam o contágio pelo vírus causador da doença.
Por outro lado, o líder comunitário da União de Moradores e Comerciantes de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, chama a atenção para um plano que seja focado na realidade das mais de 13 milhões de pessoas que vivem nestas comunidades.
De acordo com entrevista concedida à BBC Brasil, “isso devia ser uma ação do governo para preservar a vida das pessoas. Estão preocupados com economia, não estão preocupados com gente. Eu também estou preocupado com a economia, mas precisamos pensar na segurança do cidadão, em como estruturar a economia para que as pessoas sofram menos. Uma economia sem gente, sem povo, não serve para nada“, diz Gilson.
Além das ações de líderes comunitários, há algumas iniciativas para auxiliar os moradores de forma social, como é o caso da CUFA (Central Única das Favelas), uma organização brasileira que já existe há 20 anos e é reconhecida nacional e internacionalmente nos âmbitos político, social, esportivo e cultural.
Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas, que buscavam espaços para expressarem suas atitudes, questionamentos ou simplesmente sua vontade de viver.
Hoje, a CUFA move diversas iniciativas em prol da comunidade, como é o caso da recente “Mães da Favela”, para trazer renda mínima de auxílio a milhares de mães residentes de favelas em todo o Brasil nesta época do corona vírus.
Em Paraisópolis, a ação tem sido organizada com voluntários. Segundo Gilson Rodrigues, a comunidade vai ser mapeada e vão identificar 420 voluntários para cuidar, cada um, de 50 casas.
Esses responsáveis vão reforçar as ações de isolamento social, além de apoiar a entrega das doações de mantimentos e material de higiene. Eles também podem ser acionados para repassar informações de urgência para as famílias da sua área.
Para lidar com a situação,a líder do Unas, Cleide Alves, tem aberto as portas diariamente e convocado apoiadores para doar alimentos, produtos de higiene e itens de lazer, como livros de colorir, para as famílias da comunidade.
Serão ainda penduradas faixas em diversos pontos da favela para alertar a respeito da necessidade de se manter recluso e reforçar os hábitos de higiene. “O nosso povo, graças a Deus, é muito obediente. Eles têm tentado, na medida do possível, seguir tudo o que está sendo colocado pelos órgãos públicos”, destaca Cleide, ao comentar a resposta da comunidade.
Nesse momento de incertezas, temos todos que nos apoiar, por isso estamos aqui, para te ajudar no que for preciso. Além disso, se você puder ajudar as pessoas próximas à você, preservando a sua segurança, faça isso!
E se puder, doe para as instituições que precisam de ajuda para elas continuarem a ajudar cada vez mais pessoas.
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