Dia 16 de julho, dia do comerciante. A data, inclusive, é prevista por Lei (Lei nº 2048, de 26 de outubro de 1953) e data o nascimento do economista e político José Maria da Silva Lisboa, o “Visconde de Cairú”.
Patrono do comércio brasileiro, Visconde era de Salvador e colecionou cargos políticos como deputado, senador e secretário da Fazenda Real. O título de “Patrono do Comércio do Brasil” veio por conta de suas iniciativas em prol do desenvolvimento das relações comerciais do país com outras nações.
Se você não sabia da existência dele, olhe só que interessante: o Visconde de Cairú foi o verdadeiro responsável pela obtenção de leis que beneficiaram o – até então – iniciante comércio brasileiro.
Na época em que éramos totalmente dependentes de Portugal, foi José Maria da Silva Lisboa quem teve papel importante na histórica Carta Régia, em 28 de janeiro de 1808. Por meio de seus conselhos, D. João VI assinou-a e, assegurou que os portos brasileiros fossem abertos para o comércio exterior.
Alguns séculos depois, nos encontramos em meio a uma pandemia, onde muitos empresários tiveram que desbravar métodos e formatos novos de venda para conseguirem sobreviver.
Na mesma premissa de Visconde de Cairú, muitos tiveram a garra necessária para quebrar padrões e ver oportunidades adormecidas. Mesmo que estas não fossem tão simples de encontrar à primeira vista.
A primeira delas, sem dúvida, foi a conversa com quem realmente interessava. Assim como o economista do séc XIX, foi preciso iniciar o relacionamento e a influência com pessoas que podiam de fato mudar alguma coisa. No caso do comerciante do século XXI, o bate papo se deu com o consumidor.
Se teve algo que a pandemia ensinou foi a manter essa conversa acesa com o cliente. Antes, pouquíssimas empresas mantinham o contato com seus consumidores e prospects pelas redes sociais.
Atualmente, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), houve um aumento foi de 40% e 50% no uso dos servidores de internet neste período.
Isso demonstra o quanto o cliente está conectado. E, por estar conectado, consequentemente disponível para receber o conteúdo de diversas marcas e serviços diferentes.
Por isso, o jogo mudou. Ir até quem interessa foi a chave para muitos. Iniciar a conversa pelas redes sociais, manter os produtos em destaque, inovar na forma tanto de vender, quanto de chegar até o cliente, foram atitudes essenciais para quem ganhou um gás – ainda que difícil – nesta quarentena.
Além dessa nova conversa, outro hábito mudou: a do consumo consciente. Muito se falou sobre valorizar o empreendedor local e apoiar pequenas empresas durante a temporada de isolamento.
Foi preciso criar uma verdadeira rede de apoio ao comércio local, para que os pequenos e médios empreendedores pudessem se manter no período.
Muitos começaram a realizar as famosas “vakinhas” virtuais, e outros a disseminar produtores locais – não somente comprando e recomendando, mas utilizando outros recursos digitais, como os do Instagram, por exemplo.
Para entender como essa aproximação foi de extrema importância durante o período, a última pesquisa do Sebrae com empresários. A coleta finalizada no começo de junho, mostrou que, aparentemente, o pior, em termos de queda de faturamento, parece ter passado.
Na média, o faturamento dos pequenos negócios estava 55% abaixo do pré-crise. No início de maio, esse percentual estava em -60%.
Algo parecido com a Carta Régia e seu Visconde de Cairú não foi descoberta ainda. Mas após tantos aprendizados que tivemos enquanto líderes, empresários, economistas e empreendedores, há de se pensar em qual tipo de “comerciante” seremos daqui para frente, para salvarmos a nós mesmos diante dessa e de outras crises.
E você, como tem se visto durante essa quarentena?
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